Esquizofrenia
Uma busca para a estabilização
A psicanálise propõe a máxima de que CADA SUJEITO É ÚNICO, ou seja, não há a esquizofrenia, mas sim pessoas com esta condição, que apresentam diferentes sintomas, cada um do seu modo. Os sinais mais conhecidos são delírios e alucinações. Apesar de esta ser uma condição psicológica que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, não são todos os profissionais que estudam e se propõe a acolher a psicose. Nós, da Margem, encaramos este tema com prioridade absoluta.
Em períodos de crise, o sofrimento é muito intenso, havendo riscos reais de vida. Podem surgir sentimentos de estar sendo perseguido, alucinações em seus mais variados formatos ou um grande embotamento afetivo, contribuindo para um isolamento social. Na esquizofrenia e paranoia não se fala em cura, mas em tratamento: uma busca por estabilização.
Com este objetivo, a estabilização, o AT se propõe a estar em diversos ambientes junto com o paciente, o acompanhando em seu dia-a-dia. Temos a possibilidade de localizar quais são os temas que despertam seu interesse, seus impasses nas relações com o outro e consigo mesmo, momentos que podem desestabiliza-lo, ou servir de auxílio para intermediar os encontros inesperados.
Com essas características, o dispositivo do AT possibilita um existir fora das instituições, através de um manejo clínico singular. Nesse caminho para o tratamento da psicose, o AT se propõe a compartilhar essa caminhada de encontro com a (re)construção do paciente pelas maneiras mais diversas possíveis. Cada sujeito tem suas particularidades, seus pontos de fragmentação, seus gatilhos, contornos, e acreditamos que, nesse parceria com o AT, é possível chegar a uma estabilização duradoura.
Para que sair do Consultório?
Acreditamos que os espaços da cidade podem potencializar a escuta clínica, principalmente na compreensão dos fatores que dificultam a construção do laço social do paciente.
A cidade traz elementos que não cabem dentro de paredes de consultórios: a buzina de um carro, um colega de sala de aula pedindo um lápis emprestado, um olhar atravessado do recepcionista de um café. Quando estamos ao lado do paciente no momento exato em que estes fatos estão acontecendo, podemos observar de maneira mais precisa como se dá a relação do paciente com o outro, com o desconhecido, e como ele consegue lidar com isso, quais suas defesas diante destas relações. Por conta desta especificidade, podemos argumentar que o AT está numa posição privilegiada para conseguir identificar esses elementos que levaram o paciente a um isolamento, depressão, relação com as drogas, etc.