Bipolaridade
O termo BI, faz apontamento para dois, neste caso dois modos de humor, intensos e aparentemente opostos entre si. A Mania e a Depressão, num contraste que impressiona, e é facilmente notada por familiares, amigos, colegas das pessoas que tem essa vivência. Estas mudanças contrastantes podem gerar grandes complicações na vida afetiva, relacional e funcional dos pacientes.
Num momento de excitação maníaca, é comum observar fala acelerada e fuga de ideias, uma diminuição da noção de censura, e um sentimento de triunfo e poder sobre as próprias ações que podem chegar a casos tão graves que trazem um risco vital, pela falta de percepção da necessidade de descansar, se alimentar, de limites.
De repente, todo esse excesso vai dando lugar a um vazio, falta de vontade, falta de interesse, reclusão, sentimento de fracasso, e, nos casos mais graves, pensamentos ou tentativas suicidas, ou seja, um quadro depressivo acentuado e repentino.
Hoje, os tratamentos mais tradicionais para estes quadros são internamentos recorrentes nas crises, e medicação psiquiátrica contínua. Por outro viés, nós da Margem acreditamos que a psicanálise traz contribuições fundamentais para o tratamento dos indivíduos bipolares, e uma aposta que o AT, como um destes modos de usar esta ética própria da psicanálise, pode ser muito eficaz.
Neste sentido, o trabalho do AT é acompanhar o paciente nos seus diferentes discursos e humores, com o objetivo de fazer amarrações para que o sujeito não fique tão suscetível às mudanças drásticas entre euforia e depressão, e que possa construir um ritmo de vida mais estável, sem tantas rupturas por estes altos e baixos.
Para que sair do Consultório?
Acreditamos que os espaços da cidade podem potencializar a escuta clínica, principalmente na compreensão dos fatores que dificultam a construção do laço social do paciente.
A cidade traz elementos que não cabem dentro de paredes de consultórios: a buzina de um carro, um colega de sala de aula pedindo um lápis emprestado, um olhar atravessado do recepcionista de um café. Quando estamos ao lado do paciente no momento exato em que estes fatos estão acontecendo, podemos observar de maneira mais precisa como se dá a relação do paciente com o outro, com o desconhecido, e como ele consegue lidar com isso, quais suas defesas diante destas relações. Por conta desta especificidade, podemos argumentar que o AT está numa posição privilegiada para conseguir identificar esses elementos que levaram o paciente a um isolamento, depressão, relação com as drogas, etc.